Em Portugal
não se ensina crase. Afora os estudiosos do idioma, o termo é até desconhecido
por aquelas terras. Para os lusitanos, o que denominamos acento indicativo de
crase é simplesmente o acento gráfico obrigatório nos monossílabos tônicos com
base a, e e o. Porque lá a fusão da preposição a
com o artigo a é pronunciada de forma diferente do a em outras
situações. Lá se diz “â mãe e â filha foram à praia”, onde o a
resultante da crase é pronunciado aberto, ficando os demais fechados (â). Por
essa razão, é comum encontrarmos, em textos de além-mar, a grafia á em
vez de à. Mas ninguém põe acento de mais nem de menos.
No Brasil, ao
contrário, sobejam exemplos do acento indicando uma crase que não existe. Isso
ocorre, primeiro, por não dispormos da diferenciação fonética; segundo, por
falta de raciocínio; terceiro, por comodismo: um erra, o outro copia o erro. E
vão enchendo cartazes, faixas e placas com erros do tipo *à 200 metros, *à
partir, *de 20 à 50 % de desconto etc.
No rol dos
erros, é campeã, sem dúvida, a expressão *de segunda à sexta.
Por quê?
Porque o
falante tem aí a clara noção de que se trata de uma preposição, e, unindo sua
intuição ao emaranhado de regrinhas que ensinam por aí pessoas que não dominam
o assunto, faz como José de Alencar, que chegou a propor se acentuasse sempre a
preposição a, como fazem os franceses.
Um simples
raciocínio, no entanto, mostra que aí não ocorre crase. Basta fazermos a
comparação com a estrutura da expressão “de segunda a sábado”. Ninguém diz *de segunda ao sábado,
onde ao representaria a preposição mais o artigo.
Escreva,
portanto, “de segunda a sexta”, sem acento.
NOTA: O
asterisco (*) indica palavra ou expressão errada.