O que me irrita na telenovela da Globo que
está, felizmente, nos últimos capítulos não é a falta de vírgula antes do
vocativo. SALVE JORGE, sem a vírgula, indica que, em algum lugar, algum Jorge
precisa de ajuda. Vamos salvá-lo? Não, não é isso que me irrita. Trata-se,
afinal, de um erro leve (eu não disse perdoável).
Tampouco me irrita (muito) o tal de
“politicamente correto”, que proíbe exibir pessoas fumando. Pelos valores
atualmente em vigor na televisão, é mais bonito ser homossexual do que ser
fumante.O que me arrepia os cabelos, nessa novela, são os verdadeiros ultrajes à língua turca.
Para ficar apenas num exemplo, observem como eles se despedem. É gulé gulé pra lá, gulé gulé pra cá. Além da pronúncia, que fere os ouvidos, o uso está totalmente errado.
A belíssima expressão güle güle é reservada à pessoa que parte; não à que fica. Güle é o gerúndio do verbo gülmek 'sorrir'. “Güle güle” significa, portanto, ao pé da letra, 'sorrindo sorrindo', ou seja, VÁ SORRINDO, que é a forma de dizer à pessoa que se despede que sua visita foi muito agradável. (Aliás, os turcos, e os muçulmanos em geral, são muito hospitaleiros.)
Em suma, quem se despede (quem parte) não diz güle güle!
Transportando para a nossa realidade, seria como alguém dizer VÁ COM DEUS, e a outra pessoa (a que está saindo) responder VÁ COM DEUS (para quem fica).
Não é ridículo?
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Publicado originalmente no Facebook em 13 maio de 2013.